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2/1/2008

Animais & PET

Guia São Vicente

A Velhice

O ACASO DE UMA VIDA

Entre os amigos dos animais, entre os cinófilos ou entre aquelas pessoas que simplesmente compartilham as suas penas e alegrias com um cão, quase nunca se coloca uma questão inevitável, real e desagradável, mas que deve ser assumida em toda a sua crueza. Por regra geral, lógica, uma pessoa que adquire um cachorro deve pensar que, decorridos oito, nove ou dez anos, o leal companheiro irracional, se não morreu antes por um acidente ou doença epidêmica, começará uma segura e imparável época de diminuição progressiva das suas faculdades físicas, que induzem paralelamente uma substancial mudança de caráter. A velhice, que conforme as raças e o tipo de vida de cada exemplar começa entre os sete e nove anos, manifesta-se muitas vezes porque o animalzinho se torna "chato", querendo receber-nos, por exemplo, com os saltos e carantonhas habituais, tropeça ou cai com inusitada freqüência. Além disso, o seu temperamento torna-se inadvertidamente rude e os seus hábitos, de dia para dia, mais sedentários, dorme muitas horas e acolhe quase por obrigação os passeios que antes esperava impaciente. Enquanto não aparecerem doenças graves ou taras irrecuperáveis o problema se reduzirá a tolerar e adaptar-nos à situação do nosso cão.

ALIMENTAÇÃO E CUIDADOS ESPECIAIS

A dentadura é um dos atributos que se deteriora sensivelmente com a idade. Caninos e molares tornam-se rombos, incapazes de triturar o alimento, algumas peças caem e o aparelho digestivo ressente-se com digestões lentas ou pesadas. A obesidade senil, muito freqüente em animais de companhia, contribui para o encurtamento da vida ao mesmo tempo que provoca a possível aparição de outras afecções. A dieta pertinente para estes exemplares de mais de sete anos deve substituir lentamente a carne por outra finamente moída, aumentando progressivamente as sopas de pão em caldo de verduras e arroz cozidos, enquanto se reduzem gorduras, alimentos sólidos e, com certeza, os ossos. O exercício moderado não se deve suspender, pois com carinho, paciência e afabilidade, temos que procurar que o animalzinho abandone a comodidade da cesta ou do colchão para não ficar preguiçoso e declinar rapidamente. Os passeios noturnos ou de madrugada devem mudar-se para as horas centrais do dia, durante as quais a temperatura seja agradável, fugindo das zonas frias ou chuvosas. Talvez tenhamos que proteger com uma "manta-abrigo" as saídas quotidianas, pelo menos durante o inverno, e, com certeza, reduziremos a velocidade da caminhada, podendo encurtar o percurso. Amor, cuidados e compreensão nem sempre bastam para que o cachorro, após uma velhice tranqüila, tenha um final digno e rápido. Infelizmente, em muitas ocasiões, o animal fica cego, é atacado por fortes dores ou sofre ao ver-se inválido. Neste caso, embora nos custe um grande esforço, temos que ir ao veterinário, que será o que pode decidir se chegou o momento de dispensar um trânsito rápido e indolor ao companheiro de tantos bons momentos. A decisão é dura, muitas vezes não assimilada e incompreensivelmente rejeitada, mas significa o maior favor que podemos dispensar ao nosso fiel amigo. Mas a vida continua, embora nunca se apague a recordação, e o mais acertado que podemos fazer é adquirir outro cachorro da mesma raça ou de outra diferente que nos faça desfrutar a inesquecível experiência de ter um cão.

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18/01/2009